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A Médicos do Mundo, através do projecto “Porto Escondido”, participou no 14º Encontro Nacional de Actualização em Infecciologia (ENAI) que decorreu entre 14 e 16 de Outubro, no Porto Palácio Congress Hotel. Organizado pelo Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar do Porto/Unidade Joaquim Urbano e Associação de Apoio às Reuniões de Infecciologia (ARRI), o encontro teve como objectivo assegurar a actualização de conhecimentos por parte de profissionais médicos e de outras áreas da saúde.

 

A Infecciologia é, actualmente, uma área em permanente transformação que obriga a uma constante actualização de conhecimentos para melhor intervenção junto dos utentes. Ainda mais considerando que o diagnóstico precoce e a adopção atempada de medidas adequadas de controlo são determinantes para a eliminação da infecção e minimização do risco de disseminação.

 

Com a presença de especialistas nacionais e internacionais, o ENAI abordou diversos temas na área da Infecciologia, com destaque para o tratamento da hepatite C crónica, sífilis e infecção por VIH e SIDA.

 

 

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 Crédito foto: ©Francisca Jesus 

 

 

Aumentar acesso ao tratamento da hepatite C crónica

 

O tratamento da hepatite C crónica encontra-se hoje bem definido nos vários genótipos e diferentes graus de fibrose. A grande novidade está no facto da terapêutica do sofosbuvir poder agora ser utilizada em doentes sem cirrose de Genótipo 3. Ainda assim, existe a necessidade de aumentar não só o número de utentes com acesso ao tratamento, como o diagnóstico precoce da doença. Quanto mais prolongado for o tratamento, maiores serão as taxas de sucesso.

 

Considerado um dos problemas de saúde pública global, o vírus da hepatite C (VHC) atinge 185 milhões de pessoas no mundo, sendo que todos os anos morrem 350 mil pessoas devido à infecção. Estima-se que a prevalência mundial ronde os 3% e na Europa se aproxime de 1%.

 

No tratamento da hepatite C os co-infectados são considerados uma das populações especiais devido sobretudo ao estilo de vida, às dependências que modificam a adesão, às terapêuticas de substituição que comprometem os novos fármacos e ao risco de interacções com as terapêuticas utilizadas para outras patologias, como é caso dos anti-retrovirais. Por isso, estes doentes devem ser avaliados cuidadosamente antes da terapêutica e ajustados ou mesmo retirados outros fármacos que reduzam a eficácia dos anti-retrovíricos de acção directa ou que aumentam o risco de toxicidade de órgãos.

 

As pessoas co-infectadas que iniciam tratamento para o VHC têm que efectuar tratamento anti-retroviral (TARV) também preferencialmente um mês antes de iniciar o tratamento para o VHC. Relativamente à co-infecção vírus da hepatite B (VHB) + VIH, as duas infecções devem ser tratadas em simultâneo. Já o tratamento para o VHB não tem qualquer interferência com outros fármacos.

 

 

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Crédito foto: ©Francisca Jesus

 

 

Sífilis, a emergência de uma velha doença

 

A sífilis ganhou novo espaço a partir dos anos 90 e é hoje um problema de saúde pública nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. No diagnóstico, a serologia continua a ser a base do estudo laboratorial da doença. Mas, apesar dos avanços nas técnicas laboratoriais, não é possível, por exemplo, diferenciar uma sífilis tratada de uma sífilis latente.

 

Assim, a técnica mais adequada é a da biologia molecular, sendo que as guidelines para os testes de diagnóstico baseiam-se nos testes treponémicos. Numa situação de resultado positivo no teste rápido da sífilis, deve ser solicitado sempre um teste de diagnóstico com título VDRL (sigla do inglês Venereal Disease Research Laboratory, referente ao teste serológico de floculação para o diagnóstico da sífilis).

 

A pesquisa de ADN do Treponema pallidum demonstrou inegável valor no diagnóstico definitivo da sífilis primária, secundária e congénita. Mantêm-se grandes limitações no diagnóstico de neurosífilis, sífilis terciária e latente. Quanto ao tratamento, a penicilina continua a ser a primeira linha na abordagem desta infecção em todos os estádios da doença. 

 

À semelhança de outros países europeus, em Portugal têm sido notificados casos de sífilis recentemente (a maioria corresponde a uma sífilis primária), com maior número no sexo masculino, no grupo etário 25-34 anos e nos homens que fazem sexo com homens. No entanto, existe a nível nacional um grave problema de sub-notificação da doença.

 

 

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Crédito foto:  ©Francisca Jesus

 

 

Infecção por VIH: aproveitar as oportunidades

 

Considerada durante muito tempo uma doença letal, com poucos ou nenhuns meios de tratamento, a infecção por VIH e SIDA é actualmente encarada como uma doença crónica e de controlo relativamente simples. No entanto, mantém-se a grande importância de continuar a investir no diagnóstico precoce, na adesão à TARV, para não criar situações de infecção VIH multirresistente, e também através do início da TARV logo após o diagnóstico positivo em todas as pessoas infectadas, independentemente dos sintomas, da contagem das células CD4 ou dos níveis de carga viral.

 

Em Portugal a notificação precoce da infecção e o início da TARV em todos os casos são factos positivos, já que o diagnóstico precoce está intrinsecamente relacionado com a possibilidade de erradicação da infecção em 2030. Os dados sobre a infecção revelam que Lisboa apresenta uma taxa de novos casos quatro vezes superior à média nacional, seguindo-se Porto e Faro. De acordo os números de 2013, 21% dos novos casos notificados ocorrem em populações migrantes mas, tal como nos utilizadores de drogas endovenosas, os casos são notificados cada vez mais cedo.

 

 

publicado às 17:20

A Médicos do Mundo agradece a todos os que já contribuíram para o “Porto Escondido”, projecto de detecção precoce e prevenção do VIH/SIDA e de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). A campanha de angariação de fundos continua a decorrer. Participe através do site www.portoescondidomdm.pt/ndoadores.

 

A Médicos do Mundo necessita da ajuda de todos para continuar a contribuir para a diminuição da transmissão do VIH junto das populações vulneráveis em risco de exclusão social na região do Grande Porto.

 

A campanha “Com a sua ajuda este Porto deixa de estar Escondido” pretende angariar os fundos necessários à promoção de acções de educação, acesso a meios de prevenção e de diagnóstico, para além da adequada referenciação e apoio social.

 

O seu contributo pode fazer a diferença. "Juntos, chegamos a um bom porto".

 

Saiba mais aqui sobre esta campanha.

 

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publicado às 14:16

Com o objectivo da detecção precoce e prevenção do VIH/SIDA e de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), o projecto “Porto Escondido” da Médicos do Mundo (MdM) conseguiu chegar, em um ano, a mais de 800 pessoas. Mas para continuar, a MdM necessita de ajuda, tendo lançado uma campanha de angariação de fundos.

 

“Com a sua ajuda este Porto deixa de estar Escondido” é o mote desta campanha a favor do “Porto Escondido”, um projecto de apoio a grupos populacionais vulneráveis em risco de exclusão social e que, até agora, já chegou aos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia e Vila do Conde.

 

Para continuar a acompanhar os actuais beneficiários e alcançar outros a quem ainda não foi possível ajudar, a MdM necessita do apoio de todos. E porque “juntos, chegamos a um bom porto”, o seu contributo pode fazer a diferença. Os donativos podem ser realizados através do site www.portoescondidomdm.pt/ndoadores.

 

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Resultados e actividades do projecto “Porto Escondido”

 

O projecto “Porto Escondido” pretende, entre Julho de 2015 e Julho de 2017, contribuir para a diminuição da transmissão do VIH nestas populações, disponibilizando acções de educação, acesso a meios de prevenção, tais como preservativos e troca de seringas, e de diagnóstico, assim como referenciação adequada e apoio social.

 

Testemunho de Jorge Garcez

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   Crédito foto: ©MdM

 

“Fui abandonado pelos meus pais à nascença e vivi sempre institucionalizado.
Aos 15 anos, entrei nas drogas e estive preso por tráfico.
Depois, tornei-me sem-abrigo, situação em que vivi durante seis anos, com consumos de álcool, até que a Médicos do Mundo me retirou da rua e me ajudou a criar condições para integrar diversos projectos. Fiz formação de primeiros socorros, curso de iniciação à fotografia e curso de hotelaria, de forma a dar início à minha autonomia. Integrei também o projecto de Guia Turístico, da Plataforma +Emprego, no qual ainda participo.
Neste momento, integro a equipa da Representação Norte da Médicos do Mundo, no projecto Porto Escondido, na função de Educador de Pares.
Este é o meu testemunho na primeira pessoa, do qual muito me orgulho, tendo como pano de fundo a Médicos do Mundo.”

 

Clique na imagem abaixo para donativos ou mais informações: 

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Crédito foto: ©António Neiva

 

publicado às 10:20

Uma equipa da Médicos do Mundo (MdM) vai realizar acções individuais de educação para a saúde, com distribuição de material contraceptivo, este sábado, dia 13 de Junho, a partir das 22h, na festa “Escândalo”, sobre a temática das “50 Sombras de Grey”, promovida pelo espaço nocturno “Enseada”, na Póvoa de Varzim.

 

“As 50 Sombras de Grey”, o célebre romance erótico e bestseller da autora inglesa Erika Leonard, é a base do tema “Sexo, Bondage e Sadomasoquismo” da festa promovida este sábado pelo espaço nocturno (Bar/Discoteca) “Enseada”, no centro da Póvoa de Varzim.

 

A MdM associa-se a este evento para sensibilizar o público sobre comportamentos de risco associados ao VIH e SIDA e efectuar distribuição de material contraceptivo.

 

A festa “Escândalo” engloba uma performance artística do videoclip “Earned It” dos “Weeknd”, uma das músicas que fazem parte da banda sonora da adaptação do romance ao cinema. O espaço terá uma decoração relacionada com o tema, em parceria com animadores e sex-shops.

 

Saiba mais aqui sobre a festa “Escândalo” na página Facebook do evento.

 

Participe e venha ter com a equipa da MdM.

 

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publicado às 11:43

Balanço do Dia Internacional do Preservativo

por Médicos do Mundo, em 23.02.15

Foram distribuídos mais de mil preservativos e realizados cinco testes do VIH e SIDA durante a acção de sensibilização e rastreio organizada pela Médicos do Mundo (MdM), com o apoio do Grupo de Ativistas em Tratamentos (GAT), no âmbito do Dia Internacional do Preservativo que se assinalou no passado dia 13 de Fevereiro.

 

Sensibilizar o público sobre a importância do uso do preservativo como meio de prevenção do VIH e SIDA e outras infecções sexualmente transmissíveis foi o objectivo desta acção realizada pela MdM, com a presença da Unidade Móvel na Praça do Martim Moniz, em Lisboa. No local esteve também disponível uma mascote para todos aqueles que quisessem tirar uma “selfie”.

 

Em termos globais foram distribuídos 1018 preservativos, dos quais 864 masculinos e 86 femininos, durante a iniciativa. Ao público que recorreu à Unidade Móvel foram entregues 22 Kits constituídos por 7 preservativos masculinos, 1 preservativo feminino, 2 geles lubrificantes e um folheto informativo.

 

Durante o percurso a pé realizado pela equipa da MdM entre o Martim Moniz, Rossio, Restauradores e Chiado foram disponibilizados 864 preservativos masculinos e 86 femininos.

 

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Equipa MdM com a mascote do Dia Internacional do Preservativo
junto à Unidade Móvel, na Praça do Martim Moniz
Crédito foto: ©Carla Fernandes

 

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Atendimento ao público na Unidade Móvel da MdM, na Praça do Martim Moniz.
Crédito foto: ©Diana Gautier

 

 

publicado às 16:25

A Médicos do Mundo na luta contra o VIH e SIDA

por Médicos do Mundo, em 16.12.14

Sensibilizar a população portuguesa para a problemática do VIH e SIDA foi o objectivo de um conjunto de acções promovidas pela Médicos do Mundo (MdM) durante a Semana Europeia do Teste VIH, de 21 a 28 de Novembro, e que se estenderam ao Dia Mundial de Luta Contra o VIH e SIDA, a 1 de Dezembro. Desde 1985 já foram contabilizados em Portugal mais de 47 mil novos casos de infecção.


Durante a Semana Europeia do Teste VIH, este ano subordinada ao tema "Fala sobre o VIH. Faz o Teste!", a MdM realizou rastreios e sessões de educação para a saúde sobre temas como “Prevalência do VIH”, “O que é o VIH e a SIDA”, “Comportamentos de risco”, “Formas de transmissão do VIH”, “Formas de não transmissão do VIH”, “Pré-teste, teste e pós-teste” e “Tratamento”. Estas actividades decorreram junto de algumas instituições da rede social do Porto e Vila Real, nomeadamente AMI Gaia, Albergues Nocturnos do Porto, Centro Social e Paroquial de S. Nicolau e Unidade Habitacional de Santo António (UHSA).


No total foram realizados 71 rastreios, sendo o resultado destes não reactivos na sua totalidade. A maioria dos indivíduos que realizou o rastreio relata comportamento sexual de risco, tendo uma minoria relatado uso de drogas injectáveis. Da população rastreada cinco indivíduos relatam Infecções Sexualmente Transmissíveis no último ano. É de salientar que apenas 30 indivíduos relataram ter realizado teste de VIH anteriormente, tendo sido o resultado não reactivo.


No Dia Mundial de Luta Contra o VIH e SIDA foram organizadas várias actividades na Praça dos Leões, no Porto, com a participação de outras organizações como a Abraço e o CAD. No total foram realizados pela MdM mais de 23 testes no local. A média de idades das pessoas rastreadas situou-se nos 34 anos, predominantemente heterossexuais, 47% do sexo masculino e 53% do sexo feminino. Também nesta acção verificamos uma elevada percentagem de pessoas que faziam o rastreio pela 1ª vez (60,87%), dado preocupante tendo em conta a média de idades e o facto de 73,90% das pessoas rastreadas afirmar que não utilizou preservativo na última relação sexual. Por fim, e no que toca a exposição ao risco, 56,52% das pessoas afirma ter tido relações sexuais vaginais sem preservativo, 8,69% afirmam ter tido relações sexuais anais e vaginais, anais e orais sem preservativo e 21,74% ter tido acidente com preservativo. De notar que várias categorias se podem sobrepor na mesma pessoa.

 

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 Acção de Sensibilização da Representação Norte da Médicos do Mundo
Crédito foto: ©Arquivo MdM

 

Em Lisboa, a Unidade Móvel da MdM esteve em diferentes locais da cidade, um dia no Concelho de Loures e, em parceria, em duas instituições, no Centro Padre Alves Correia (CEPAC) e no Conselho Português para os Refugiados (CPR). Durante a Semana Europeia do Teste foram realizados 82 testes, distribuídos 720 preservativos e prestada informação sobre VIH. 21 pessoas referiram o comportamento sexual de risco como motivo para a sua realização, 3 o uso de drogas injectáveis e 58 apontaram outras razões. 44 pessoas já haviam realizado o teste anteriormente, sendo que 34 referiram o resultado anterior como não reactivo e 10 não se recordavam. Na ocasião foi registado um resultado reactivo.


Devido à forte adesão, e consequente conhecimento do estatuto serológico dos que participaram, a equipa de Lisboa pondera a disponibilização do teste durante todo o ano, o que já acontece no Porto.

 

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 Unidade Móvel da Médicos do Mundo na Quinta da Fonte, em Lisboa
Crédito foto: ©Carla Fernandes

 

 

O VIH e SIDA em Portugal

 

Cerca de três novos casos por dia de infecção por VIH e SIDA foram notificados no ano passado em Portugal, num total de 1093, segundo o relatório “Infecção VIH/SIDA: a situação em Portugal a 31 de Dezembro de 2013”, divulgado recentemente pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). Um número que equivale a 10,5 novas infecções por cada 100 mil habitantes. Desde 1985 até ao final de 2013 foram contabilizados mais de 47 mil novos casos.


De acordo com o documento, 20,7% dos casos diagnosticados encontrava-se já no estádio SIDA, ou seja numa situação em que a infecção evoluiu para a doença. Os homens observam o maior número de novos diagnósticos, 2,4 vezes superior ao das mulheres. Metade dos casos refere-se a pessoas com idade igual ou superior a 40 anos e a maioria regista-se na região da Grande Lisboa.


Desde o primeiro caso pediátrico em 1984 registaram-se 479 notificações de novos casos de infecção em crianças, com igual distribuição entre sexos com o modo de transmissão mais frequente o contágio mãe-filho. Após a introdução do rastreio na gravidez, o número de casos diagnosticados tem vindo a diminuir.


O contacto heterossexual é o modo de transmissão mais frequente com 61% dos novos casos, enquanto as relações sexuais entre homens representa 43% e a transmissão por consumo de drogas tem um peso de 7% dos diagnósticos. Em termos etários, os homossexuais tendem a ser mais jovens que os heterossexuais à data do diagnóstico, sendo que metade tem menos de 32 anos.


Quanto à SIDA, em 2013 o INSA recebeu a comunicação de 322 novos casos. Entre 2000 e 2012 registou-se uma redução média anual de 7,4% no número de novos casos de SIDA notificados.


No ano passado morreram 226 pessoas com infecção por VIH, das quais 145 no estadio SIDA. A maior parte destas mortes registaram-se em heterossexuais e indivíduos com história de uso de drogas injectáveis. No entanto, 48% das mortes em heterossexuais ocorreram nos cinco anos subsequentes ao diagnóstico e 55% das mortes em toxicodependentes aconteceram 10 ou mais anos após o diagnóstico de infecção por VIH.

 

 

Diagnóstico tardio em mais de 60% dos casos

 

Mais de 60% dos diagnósticos de VIH em Portugal são realizados tardiamente, comprometendo a eficácia dos tratamentos, o bem-estar dos doentes e a incidência da infecção. O alerta é do Núcleo de Estudos da Infecção ao VIH (NEVIH) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e pretende incentivar a aplicação de medidas de prevenção e diagnóstico precoce.


De acordo com a informação divulgada à Imprensa no final de Novembro pelo NEVIH, Portugal é o terceiro país da União Europeia (UE) com maior taxa de casos de SIDA, tanto em termos de prevalência, como de incidência. A percentagem de diagnósticos tardios representa o dobro da média europeia, uma situação que deverá estar relacionada com a organização dos serviços de saúde, ausência de campanhas dirigidas a grupos de populações com determinadas vulnerabilidades e factores socioculturais complexos.


O NEVIH salienta ainda o número crescente de idosos infectados pelo VIH. Uma vez que a infecção apresenta características de cronicidade, os doentes vivem bem durante mais anos. Outra explicação para esta elevada incidência é a aquisição pelos idosos de fármacos para tratamento da disfunção eréctil: com o prolongamento da vida sexual e os comportamentos sexuais de risco podem ser infectados ou infectar outros.


Citado por vários órgãos de comunicação social, Telo Faria, coordenador do NEVIH, deixa alguns conselhos para uma melhor actuação na área da prevenção: “reforço de acções de educação, informação e prevenção em meio escolar e respectiva articulação com a saúde escolar”, “implementação e reorganização de uma rede de detecção precoce da infecção, com testes rápidos nas unidades de saúde”, para além de planos dirigidos a grupos vulneráveis em parceria com as organizações não-governamentais.

 

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Realização de testes pela Representação Norte da MdM
Crédito foto: ©Arquivo MdM

 

 

Crise com impacto na resposta ao VIH

 

Os cortes orçamentais na assistência e intervenção sociais em Portugal estão a prejudicar a resposta ao VIH, alerta a European AIDS Treatment Group (EATG), uma rede europeia que abrange 110 organizações de 40 países do Velho Continente.


Num relatório lançado em Março deste ano a organização realça que “a legislação prevê acesso universal e medidas de protecção social para as pessoas que vivem com VIH como por exemplo apoio domiciliário e rendimento mínimo. É necessário manter os serviços existentes e, até mesmo, aumentá-los, especialmente no que se refere aos grupos vulneráveis”.


Apesar de em 2012 ter sido mantido o valor proveniente da lotaria nacional alocado ao Programa Nacional para a Infecção VIH e SIDA, foi registada uma diminuição na contribuição do Orçamento de Estado neste âmbito.


Para além das questões financeiras, a EATG sublinha as dificuldades no acesso à saúde por parte dos grupos vulneráveis que incluem o estigma e a descriminação. De acordo com o estudo “Stigma Index Portugal, da responsabilidade de várias organizações nacionais, cerca de 30% dos participantes referiu casos de estigma e descriminação ocorridos nos serviços de saúde ou relacionados com profissionais de saúde.

 

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 Unidade Móvel com realização de testes pela Representação Norte da MdM
Crédito foto: ©Arquivo MdM

 

 

35 Milhões com VIH no mundo

  

Em 2013 existiam 35 milhões de pessoas com VIH em todo o mundo, segundo dados publicados em Julho pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Destes, 31,8 milhões de adultos, 16 milhões de mulheres e 3,2 milhões de crianças até aos 15 anos.


No mesmo ano registaram-se 2,1 milhões de novas infecções, das quais 1,9 milhões em adultos e 240 mil em crianças. A SIDA causou a morte de 1,5 milhões de pessoas, nomeadamente 1,3 milhões de adultos e 190 mil crianças.


Em Junho de 2014, 13,6 milhões de pessoas com VIH tinham acesso à terapêutica anti-retroviral, um número que era de 12,9 milhões no ano anterior. Cerca de 38% dos adultos com VIH encontram-se em tratamento, enquanto que essa percentagem nas crianças é de apenas 24%. 

 

 

Acabar com a epidemia até 2030

 

Se o mundo acelerar a abordagem ao problema nos próximos cinco anos será possível acabar com a epidemia da SIDA em 2030, refere o relatório “Fast-Track: ending the AIDS epidemic by 2030” da UNAIDS, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre VIH/SIDA. Segundo o documento poder-se-ia evitar aproximadamente 28 milhões de infecções por VIH e 21 milhões de mortes relacionadas com a SIDA.


Entre os objectivos está alcançar até 2020 os denominados “90-90-90”: 90% das pessoas a viver com VIH que sabem do seu estadio; 90% das pessoas que sabem do seu estadio positivo a realizar tratamento; e 90% das pessoas em tratamento com cargas virais suprimidas. Outros objectivos incluem ainda a redução anual do número de novas infecções em mais de 75% e o alcance de uma taxa de descriminação zero.

 

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Realização de testes pela Equipa da MdM em Lisboa

Crédito foto: ©Carla Fernandes

 

 

publicado às 14:37

Semana Europeia do Teste VIH de 21 a 28 de Novembro

por Médicos do Mundo, em 21.11.14

Consciencializar mais pessoas sobre o seu estatuto serológico para o VIH e reduzir o número de diagnósticos tardios através da indicação dos benefícios da realização do teste é o objectivo da Semana Europeia do Teste VIH que se realiza de 21 a 28 de Novembro. A Médicos do Mundo (MdM) associa-se mais uma vez à iniciativa com um conjunto de actividades em vários locais do país.


Pelo menos, um em cada três dos 2,3 milhões de pessoas com VIH na Europa não têm consciência do seu estatuto serológico para o VIH. Metade dos que vivem com VIH tem um diagnóstico tardio, o que atrasa o acesso ao tratamento. Muitas pessoas não fazem o teste antes do surgimento de sintomas, o que pode estar relacionado com os obstáculos existentes na solicitação, oferta e implementação das directrizes europeias do teste.


Para ajudar a mudar este panorama, a MdM volta a associar-se à Semana Europeia do Teste VIH, entre 21 e 28 de Novembro, com a realização de diversas actividades em Lisboa e na Região Norte. Com o tema “Fala sobre o VIH. Faz o Teste!”, a iniciativa antecede o Dia Mundial de Luta Contra o VIH e SIDA que se assinala a 1 de Dezembro.

 

 

Actividades em Lisboa

 

Com a Unidade Móvel, a Médicos do Mundo vai estar em diferentes locais da cidade de Lisboa, em horário nocturno das 19 às 23 horas. Para além do contexto de rua, este ano, estará também em duas instituições parceiras: Centro Padre Alves Correia (CEPAC) e Conselho Português para os Refugiados (CPR). Poderão ser realizados testes rápidos do VIH, obter informações úteis, receber material preventivo e, enquanto aguardam, participar numa actividade lúdico-pedagógica sobre o tema.

 

Sextas-feiras, 21 e 28 de Novembro

- Das 19h às 20h30 e das 21h às 23h: Martim Moniz 

 

Segunda-feira, 24 de Novembro

- Das 14h às 18h: CPR 

 

Terça-feira, 25 de Novembro

- Das 10h às 13h: CEPAC
- Das 19h às 20h30: Casal Ventoso (Meia Laranja)
- Das 21h às 23h: Campo das Cebolas 

 

Quarta-Feira, 26 de Novembro

- Das 19h às 20h30: Bairro das Cruz Vermelha
- Das 21h às 23h: Largo de Santa Bárbara/Outros locais 

 

Quinta-feira, 27 de Novembro

- Das 10h às 13h: Bairro da Quinta da Fonte – Apelação
- Das 14h30 às 18h: Bairro CAR – Zambujal 

 

 

Actividades na Região Norte

 

Na Região Norte, o teste estará também disponível em contexto de equipa de rua e realizam-se diversas sessões de formação sobre VIH. Para o Dia Mundial de Luta Contra o VIH e SIDA, a 1 de Dezembro, a Delegação Norte tem já previsto uma mega actividade em articulação com o CAD Móvel no centro do Porto (Batalha e Santa Catarina).

 

Sexta-feira, 21 de Novembro

- Vila Real, na Rua Dr. Manuel Cardona e Av. Carvalho Araújo, com o apoio do GAT
- Das 20h às 23h30: Intervenção em articulação com o CAD Móvel – Aliados 

 

Segunda-feira, 24 de Novembro

- Das 17h30 às 19h30: Bairro do Cerco (Escola Velha)
- Das 20h30 às 02h: Gonçalo Cristóvão, R. de Santa Catarina, Marquês, Latino Coelho e R. da Alegria 

 

Terça-feira, 25 de Novembro

- Das 15h30 às 19h: Vila Praia de Âncora e Vila do Conde
- Das 20h às 24h: Praça Velasquez, Loja do Cidadão, Alameda do Dragão, Viaduto de Arca d’Água
- 15h30: Sessão de formação sobre VIH e rastreio na Unidade Habitacional de Santo António 

 

Quarta-Feira, 26 de Novembro

- Às 14h30: Sessão de formação sobre VIH e rastreio no Centro Social e Paroquial de S. Nicolau
- Das 15h30 às 20h: Jardim de S. Lázaro, Prado Repouso, Campo 24 de Agosto, Padrão
- Das 21h às 24h: Rua da Restauração, Urgências do Hospital de Santo António 

 

Quinta-feira, 27 de Novembro

- Rua dos 5 lagares Mateus, UTAD, em Vila Real, com o apoio do GAT
- Das 15h30 às 19h: Casa Vila Nova, Rotas com Vida (Aleixo, Pinheiro Torres, Viso e Ramalde)
- Das 20h30 às 24h: CASA, Batalha, Santa Catarina, Praça da República 

 

Sexta-feira, 28 de Novembro

- Das 20h às 24h: Júlio Diniz, Mercado do Bom Sucesso, Cemitério Agramonte

Sábado, 29 de Novembro

- Das 16h30 às 02h: Jardim de S. Lázaro, Prado Repouso, Morgado Mateus, R. Conde Ferreira, Padrão
- À noite: Gonçalo Cristóvão, R. de Santa Catarina, Marquês, Latino Coelho 

 

Domingo, 30 de Novembro

- Das 16h30 às 24h: Av. da Boavista, Zona Industrial Antunes Guimarães, R. da Alegria, Bairro do Cerco (das 18h30 às 20h).
- À noite: Campo Alegre (Capa Negra e Parque de Estacionamento em frente à Axa)

 

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publicado às 17:37

 

Para reduzir a prevalência das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e do VIH/SIDA na população vulnerável dos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia e Vila do Conde, a Médicos do Mundo (MdM) iniciou em Julho de 2014, o Projecto Porto Escondido.

 

Mais de 42 mil casos de infecção por VIH/SIDA tinham sido notificados em Portugal até ao final de 2012, segundo revela o documento “Portugal Infecção VIH/SIDA e Tuberculose em Números – 2013” do Programa Nacional para a Infecção VIH/SIDA da Direcção-Geral da Saúde. Apesar da tendência de diminuição do número de casos desde 2000, o país continua a apresentar taxas elevadas no contexto europeu.

 

Para ajudar a combater esta epidemia, que afecta sobretudo as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte, a MdM deu início ao Porto Escondido, um novo projecto com enfoque nos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia e Vila do Conde. Conta com o financiamento da Direcção-Geral da Saúde, o co-financiamento da própria Associação, sempre na lógica de maximização de recursos da rede de parceiros locais.

 

O Projecto Porto Escondido tem como população-alvo consumidores de substâncias psicoactivas, imigrantes (independentemente da situação administrativa no país), pessoas em situação de sem-abrigo e trabalhadores sexuais.
Ao longo dos 12 meses de duração pretende-se:
• Aumentar em 60% a prática de comportamentos preventivos.
• Aumentar em 40% a integração dos utentes contactados no Sistema Nacional de Saúde (SNS).
• Aumentar em 50% o conhecimento do status face ao VIH e IST.
• Garantir a referenciação hospitalar a, pelo menos, 70% dos testes reactivos para o VIH.

 

Apoio psicossocial, informação e educação para a Saúde, prestação de cuidados directos de saúde, realização de testes rápidos do VIH e sífilis, troca de material de consumo e distribuição de material preventivo fazem parte das actividades do projecto que envolve oito profissionais, entre coordenador, técnico social, psicólogos, enfermeiros, educador de pares e uma equipa médica voluntaria.

 

 

Combate à SIDA está na despistagem


“Viver ou morrer não pode depender de se ter acesso ou não a testes de HIV”, alerta Michel Sidibé, director executivo do Programa de Luta contra a SIDA da Organização das Nações Unidas (ONU), citado na edição online do jornal “Expresso” de 16 de Julho, a propósito da apresentação de um novo relatório sobre a evolução do vírus.

 

De acordo com este documento, debatido na 20ª Conferência Internacional sobre a SIDA que se realizou entre 20 e 25 de Julho, na cidade australiana de Melbourne, o desconhecimento da infecção é um dos maiores problemas a combater: dos 35 milhões de infectados em todo o mundo, as estimativas indicam que 19 milhões desconhecem ter o vírus.

 

Segundo o responsável do programa da ONU, o aumento do número de doentes em tratamento pode levar à erradicação da epidemia já em 2030, caso contrário esse controlo só acontecerá, no mínimo, dez anos mais tarde.

 

Há ainda que olhar com especial atenção para determinados comportamentos de risco, já que a partilha de material de consumo e as relações sexuais desprotegidas continuam a ser consideradas das principais causas de transmissão do Vírus.

 

Na mesma notícia, o jornal “Expresso” revela também que “desde o início da epidemia, entre 71 a 87 milhões de pessoas foram infectadas com o vírus”, provocando “cerca de 40 milhões de mortes devido a complicações relacionadas com a infecção”.

 

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Leia na íntegra a notícia da edição online do jornal “Expresso” aqui.

 

publicado às 11:42


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