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Crédito foto: Arquivo MdM
O dia 1 de Outubro é, desde Dezembro de1999, após designação da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, o dia consagrado, em todo o mundo, à pessoa idosa.
A Médicos do Mundo, na sequência do trabalho que vem desenvolvendo junto da população sénior, no sentido de promover a saúde, a valorização e o envelhecimento activo, não podia deixar de assinalar este dia promovendo várias actividades em Évora, Lisboa e Porto. Ora espreite:
No dia 7 de Agosto de 2013, no âmbito do projecto “Terceira (C)Idade” da Médicos do Mundo (MdM), foi inaugurada a exposição “Memórias Fotográficas”, no Mercado Ferreira Borges, no Porto. Esta exposição resultou de uma actividade realizada anteriormente com os beneficiários do projecto, que foram convidados a fotografar os locais da cidade do Porto que contam uma “história” na vida da população mais envelhecida e a escrever um pequeno texto/memória acerca do espaço fotografado.
Na inauguração da exposição estiveram presentes os idosos que participaram na actividade, assim como familiares e amigos. Foi um momento de partilha entre várias gerações, durante o qual se deu a troca de experiências e emoções, a propósito das fotografias expostas.
Para assinalar a Semana Mundial da Amamentação (de 1 a 7 de Agosto de 2013), a Médicos do Mundo em Timor-Leste, através da equipa do projecto “Comunidade Saudável”, levou a cabo sessões de educação para a saúde sobre o tema, nos distritos de Lautem e de Viqueque.
Em conjunto com as parteiras das equipas de saúde locais, foram dinamizadas acções de esclarecimento sobre amamentação e suas vantagens para a criança e para a mãe, seguidas de jogos com perguntas, às quais correspondia a atribuição de prémios. Participaram, no total, 212 mulheres grávidas ou a amamentar.
Com estas acções, pretende-se fomentar a amamentação, como um meio para reduzir os elevados níveis de malnutrição infantil ainda existentes no país, e capacitar os profissionais de saúde para uma cada vez maior e melhor promoção da educação para a saúde.
Crédito: Márcio Silva
Crédito foto: Joana Sanches
por Ana Martins
Coordenadora do Projecto “Viver Positivo” em São Tomé e Príncipe, de Agosto de 2011 a Agosto de 2013
A primeira recordação que tenho de São Tomé e Príncipe é do dia em que cheguei: o dia 5 de Agosto de 2011. Depois de uma viagem de seis horas e de uma noite sem dormir, desci as escadas do avião e quase dei um passo atrás quando senti o embate daquele bafo quente e húmido que seria o espaço dos meus movimentos durante os próximos dois anos.
Descobrir a ilha, as pessoas, os seus ritmos (o seu característico “leve-leve”), a música, a dança, a comida, o mar azul e a vegetação verde e exuberante é uma experiência muito enriquecedora. Mas a vida numa ilha também tem outro lado. Com o tempo, apercebemo-nos de que a ilha tem limites, que não há para onde fugir e toda a gente tem, por vezes, vontade de sair, de mudar de ares. Em São Tomé, não há distâncias muito longas para percorrer; a certa altura, fica-se com a sensação que não há caras novas para conhecer, que não há sítios novos para ver (e isso nem sempre é verdade) e ganhamos a consciência que estamos mesmo numa pequena porção de terra rodeada de mar.
Temos saudades dos amigos e da família, de ir ao cinema, de ver um concerto, de ir ao teatro ou de ir beber um copo com os amigos de sempre. Mas em São Tomé também há concertos de vez em quando, também há teatros e outras actividades de vez em quando e, embora em alguns momentos tudo pareça fazer-nos falta, noutros também percebemos que fizemos amizades, que criámos rotinas e sítios preferidos na ilha. Já não estranhamos a música, já conhecemos os pratos típicos, já entendemos uma ou outra palavra do dialecto forro. Temos uma casa e até um cão que nos espera contente cada vez que chegamos. Viver na ilha faz-nos perceber que não precisamos de muita coisa que julgávamos precisar.
Em São Tomé o tempo arrasta-se e não damos conta de que ele passa. Nem sequer há estações do ano para nos fazer lembrar que o tempo existe. Há uma Gravana em que durante 3 meses o tempo fica um pouco mais fresco e raramente chove mas, para além disso, não há grandes diferenças. Talvez o tempo numa ilha tenha sempre uma dimensão diferente. Uma amiga que me foi visitar a São Tomé escreveu um texto sobre o que sentiu durante a visita; nele dizia que “o espaço apertado e o tempo lento fazem mover histórias” e que isto deve ser um encantamento das ilhas.
Num espaço tão pequeno como São Tomé e Príncipe, as relações são rápidas e as pessoas tornam-se próximas e familiares muito depressa. Num espaço tão pequeno até as pessoas que conhecemos no contexto do trabalho se tornam, de alguma forma, próximas de nós muito rapidamente.
Apesar de a ilha ser muito bonita, nela existem uma série de contrastes que chocam. Entre o deslumbramento que sentimos com a beleza natural de um país ainda tão pouco explorado, deparamo-nos com a tristeza por observar as dificuldades e a pobreza em que muitas pessoas vivem. Através do projecto “Viver Positivo”, tive a oportunidade de ter um contacto próximo com um grupo de pessoas que vivem com VIH/SIDA, o que foi muito gratificante porque pude acompanhar de perto as necessidades que sentem e observar o impacto que as actividades do projecto tiveram nas suas vidas. Espero que esse impacto perdure de alguma forma no tempo. Gostei muito de conhecer cada uma delas e foi muito penoso perceber as dificuldades em que vivem, que não podia fazer tudo por elas e que depositavam muita esperança em nós, nos que para ali vamos trabalhar. É preciso fazer uma gestão, nem sempre fácil, das expectativas que depositam em nós e do que temos, realmente, para oferecer.
Quando damos, normalmente, recebemos de volta. Mas é preciso estarmos bem para dar, é preciso irmos inteiros para esta experiência. Quando voltamos é que já não voltamos inteiros. Fica lá uma parte de nós que durante algum tempo não queremos largar.
Ana Martins colaborou como Coordenadora do projecto “Viver Positivo” em São Tomé e Príncipe, de Agosto de 2011 até ao término do projecto em Agosto de 2013. Com este projecto, a Médicos do Mundo propôs-se incrementar a qualidade de vida das pessoas que vivem com VIH/SIDA em São Tomé e Príncipe, trabalhando para aumentar o apoio psicossocial e a assistência domiciliária e reduzir o estigma associado ao VIH/SIDA.
O projecto “Viver Positivo”, financiado pelo Instituto Camões e pela Embaixada de França (apenas para algumas acções no final do projecto), é o reflexo de vários anos de trabalho da ONG Médicos do Mundo (MdM) na área do combate ao VIH/SIDA.
O projecto esteve em implementação desde Janeiro de 2011, visando essencialmente reforçar a rede de apoio psicossocial no país, capacitando técnicos de saúde e da área social para o efeito, e criando novos serviços de apoio para as pessoas que vivem com VIH (PVHS), nomeadamente Cuidados domiciliários, até à data inexistentes. Transversalmente, o projecto apostou numa forte componente de advocacia para a redução de estigma e discriminação que afectam seriamente a vida das PVHS, seus familiares e a sociedade em geral, no que diz respeito à prevenção da epidemia.
O objectivo geral foi o de incrementar a qualidade de vida das pessoas que vivem com VIH/SIDA em São Tomé e Príncipe.
Os objectivos específicos:
1) Aumentar a % de pessoas infectadas e afectadas pelo VIH/SIDA que recebem apoio psicossocial e atenção domiciliária;
2) Reduzir o estigma associado ao VIH/SIDA em STP.
Após dois anos e meio de intervenção, o projecto chegou ao fim no final de Julho de 2013 e contou com os seguintes resultados que gostaríamos de destacar:
- 1 Equipa de Cuidados domiciliários foi criada e capacitada. Esta equipa, formada por uma enfermeira e técnica social, irá dar continuidade à prestação destes serviços a PVHS, com a garantia pelo Programa Nacional de Luta contra a Sida (PNLS);
- Foram criados 2 Grupos de Auto-ajuda para PVHS (1 em São Tomé e outro no Príncipe). O grupo de São Tomé tem funcionado em pleno e irá manter a sua dinamização com a colaboração da Associação Apoio à VIH/SIDA e do PNLS;
- Foi realizado 1 Workshop para 15 PVHS em actividades geradores de rendimentos, focado em técnicas de produção de artesanato. O resultado final foi uma exposição das peças produzidas ao longo da formação no Centro Cultural Português, que foram todas vendidas, tendo os lucros revertido para a aquisição de novos materiais e utensílios oferecidos aos formandos, de forma a continuarem o novo ofício;
- 1 Rede de referência ao nível nacional para o VIH/SIDA foi criada, constituída por 15 instituições ligadas à área da saúde e VIH no país;
- Foram realizadas 183 acções de Informação e Educação para a mudança de comportamentos nos 6 distritos do país, centradas nas questões do estigma e discriminação. Nestas acções foram sensibilizadas mais de 13.277 pessoas.
- Foram produzidos 2 folhetos de Advocacia: 1) sobre Estigma e Discriminação que afecta as PVHS, 2) Testagem e aconselhamento para o VIH/SIDA; 2 T-shirts e 1 Spot para a Televisão, também centrado na temática da Discriminação.
- Foram realizados 62 Programas de Rádio, onde pelo menos 2 vezes por mês foram debatidas e esclarecidas várias questões relacionadas com o VIH/SIDA: prevenção, situação dos PVHS no país, discriminação, gravidez e VIH, entre outras.
Assista aqui à intervenção dos fotógrafos voluntários da Médicos do Mundo, Alexandre Costa e João Vicente aos 33 min. da 5ª parte.
João Vicente e Alexandre Costa, são dois fotógrafos voluntários da Associação Médicos do Mundo, com missões solidárias realizadas em Portugal, Guiné-Bissau e Timor.
As receitas deste livro de fotografias, que foi o culminar de uma expedição a 16 países do continente americano, reverterá em parte a favor da Associação Médicos do Mundo e o restante destina-se aos custos da edição do mesmo."
Mais informações sobre o projecto em: www.olhandopelomundo.com
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