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Seis meses depois dos terramotos de 25 de Abril e 12 de maio que atingiram o Nepal, provocando a morte a 8 mil pessoas e ferindo outras 22 mil, a Médicos do Mundo (MdM) implementou um sistema de clínicas móveis, tendo já realizado 13 mil consultas. A situação humanitária continua a ser preocupante com os desafios da reconstrução e o Inverno que se aproxima.

 

"A vida ainda não voltou ao normal no Nepal. As pessoas continuam a viver com dificuldades, pois a maioria ainda não conseguiu reconstruir as suas casas. E as infra-estruturas de assistência médica continuam a ser muito insuficientes”, explica a presidente da Delegação Francesa da MdM. "A reconstrução irá demorar anos”, acrescenta.

 

A devastação deixada pelos terramotos é imensa. Mais de 90% das infra-estruturas de saúde foram destruídas no Distrito de Sindhupalchock e a chegada de ajuda torna-se ainda mais complicada devido aos desafios logísticos de trabalhar neste país montanhoso. A retoma das actividades está a ser dificultada por um clima económico e político muitas vezes tenso: a recente escassez de combustíveis impediu as deslocações, já complexas em tempos normais.

 

As pessoas sofrem principalmente de doenças de pele e de perturbações digestivas causadas pela falta de água potável e saneamento. Segundo Françoise Sivignon, “prevê-se um Inverno rigoroso, o que é preocupante. Para ultrapassar este facto, os nepaleses precisam de melhorar o acesso a água potável e a abrigos melhor adaptados. Sem estas condições, o impacto na saúde das pessoas será desastroso e as infecções respiratórias vão aumentar”.

 

Procurando manter o acesso aos cuidados de saúde, a MdM está focada na reabilitação do sistema de saúde. As equipas da organização estão a construir 13 centros de saúde semi-permanentes, para ficarem no local durante cinco anos, e a dar formação em preparação epidémica e primeiros socorros às comunidades nepalesas e aos trabalhadores de saúde.

 

O Inverno também potencia o stress pós-traumático, tão prevalente desde os terramotos, resultando no abuso do álcool e no aumento da violência doméstica. “Para atenuar esta situação, os nepaleses devem poder desempenhar um papel activo na reconstrução do seu país”, conclui Françoise Sivignon.

 

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Crédito foto: ©Olivier Papegnies/Collectif Huma

 

publicado às 12:29

Inscreva-se na V CorridaSolidária da Médicos do Mundo

por Médicos do Mundo, em 29.10.15

Escolas, empresas, autarquias, associações, instituições e todas as pessoas interessadas poderão participar na V CorridaSolidária, um projecto que visa promover a reflexão sobre “Educação para a Cidadania Global” e angariar fundos para apoiar as populações mais vulneráveis, através de projectos da Médicos do Mundo (MdM). Inscreva-se aqui e participe nesta iniciativa.

 

Podem ser organizadas corridas, marchas, caminhadas - ou outra qualquer actividade de carácter desportivo ou solidário -, promovendo através desses momentos a reflexão sobre o tema da edição. O lançamento oficial do projeto terá lugar a 7 de Abril de 2016, Dia Mundial da Saúde, mas as atividades podem ser realizadas até ao encerramento do ano lectivo 2015/2016.

 

Vídeo sobre a V CorridaSolidária da Médicos do Mundo

 

Os fundos angariados com o projecto “CorridaSolidária” destinam-se a ajudar a MdM a continuar a sua missão de prestar cuidados de saúde básicos e gratuitos às populações que mais precisam.

 

Para saber mais sobre a iniciativa consulte a informação no site da Médicos do Mundo: V Corrida Solidária e projecto Corrida Solidária.

 

Também poderá contactar directamente a MdM, através do telefone 213 619 526, do 96 209 58 12 ou do endereço de correio electrónico vcorridasolidaria@medicosdomundo.pt.

 

Porque juntos podemos fazer a diferença, contamos consigo! Inscreva-se!

 

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publicado às 12:05

A Médicos do Mundo (MDM) participou no 3º Encontro “Conhecimento e Cooperação” que decorreu no final de Setembro, no Auditório da Torre do Tombo, em Lisboa. “Médicos do Mundo: o trabalho, nacional e internacional, em prol do Desenvolvimento na área da Saúde” foi o tema da intervenção realizada pelo Dr. Fernando Vasco, Vice-Presidente da MdM, no âmbito da iniciativa.

 

Organizado pela Direcção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas (INA), o Encontro “Conhecimento e Cooperação”, cujas primeiras edições ocorreram em 2011 e 2013, teve como objectivo reforçar as capacidades das pessoas e das organizações que se dedicam à gestão e execução de programas e projectos no âmbito da Cooperação para o Desenvolvimento.

 

A iniciativa, que contou com 20 apresentações de várias organizações (aceda aqui às apresentações), pretendeu ser um espaço de partilha de experiências e de informação entre Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD), empresas, autarquias, organismos da Administração Pública e peritos, para além de outros intervenientes.

 

Presentes estiveram formandos e formadores dos cursos da área da Cooperação e Desenvolvimento do INA, assim como participantes em seminários, ciclos de conferências e outras iniciativas organizadas pelo INA, consultores, peritos e organizações que se dedicam à execução de programas e projectos de ajuda ao desenvolvimento e sociedade civil, assim como de interessados por estas temáticas.

 

Assista ao vídeo “Mood” sobre a Médicos do Mundo, apresentado no evento no âmbito da participação do Vice-Presidente da MdM:

 

 

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3º Encontro “Conhecimento e Cooperação”
Crédito foto: ©INA

 

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Intervenção do Dr. Fernando Vasco, Vice-Presidente da MdM
Crédito foto: ©INA 

 

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 Intervenção do Dr. Fernando Vasco, Vice-Presidente da MdM
Crédito foto: ©INA

 

publicado às 17:35

Abandono, solidão, isolamento e privação material combinados com escassos recursos financeiros e humanos colocam Portugal na tabela dos países europeus com os piores índices no apoio aos idosos. Aproveitando o Dia Internacional da Terceira Idade, a 28 de Outubro, a Médicos do Mundo (MdM) volta a alertar para as dificuldades desta população.

 

Atenta às questões que afectam a população idosa, a MdM tem desenvolvido ao longo dos anos diversas actividades junto da população idosa, através de projectos nas áreas dos cuidados de saúde e do envelhecimento activo. Actualmente encontra-se a decorrer o projecto “Viver Saudável” que presta Apoio Domiciliário (SAD) gratuito, no âmbito de um acordo com a Segurança Social.

 

Desde o seu início, este serviço já apoiou 128 idosos em termos de higiene pessoal, tratamento de roupa e da casa, actividades de socialização, atendimento de enfermagem, social e médico, para além do apoio do Grupo de Voluntariado Sénior (GVS) com visitas e contactos telefónicos regulares. O SAD, que presta também apoio indirecto a cuidadores e familiares, abrange hoje, mensalmente, 25 idosos. Desde Janeiro deste ano já foram apoiados 31 idosos.

 

Através do “Viver Saudável” a MdM assinalou o Dia Internacional do Idoso, no passado dia 1 de Outubro, com uma acção conjunta da equipa MdM e do GVS. Foram realizadas visitas a todos os 25 beneficiários do SAD e entregue um postal alusivo ao dia, uma flor e uma embalagem de rebuçados. No final da tarde a equipa organizou um lanche convívio para os idosos autónomos que participaram nas actividades deste dia.

 

 

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Acção no Dia Internacional do Idoso, a 1 de Outubro
Crédito foto: ©Rita Mendes

 

 

Promoção do envelhecimento activo, cidadania e saúde

 

Nas áreas do envelhecimento activo, cidadania e saúde, a MdM contou, até Agosto, com o projecto “Saber Viver”. No total beneficiaram do apoio 95 pessoas acima dos 65 anos. A média de idades situou-se nos 76 anos, maioritariamente mulheres (80%).

 

Com o projecto foi alcançado um aumento de 68% de participação dos beneficiários (o objectivo inicial era de 40%) e de 44% no acesso dos beneficiários a cuidados de saúde (contra os 40% definidos inicialmente) entre Setembro de 2014 e Agosto de 2015.

 

Numa visão holística sobre o envelhecimento, o “Saber Viver” desenvolveu estratégias transversais que englobaram as várias dimensões associadas ao processo de envelhecimento. Através de actividades lúdico-pedagógicas, recreativas, de animação e de exercício físico o projecto desenvolveu-se num ambiente capacitador que facilitou o acesso a uma vida mais activa e mais criativa, onde a pessoa idosa está em comunicação com os outros, estimulando-se o desenvolvimento da personalidade e da autonomia.

 

Canto, caminhadas, Informática, Inglês, Oficina de Leitura, Tai-chi, Ateliers de Trabalhos Manuais e de Costura, jogos, comemoração de efemérides e sessões de Educação para a Saúde foram apenas algumas das actividades desenvolvidas. No âmbito do projecto disponibilizaram-se ainda atendimentos sociais, prestação de cuidados primários de saúde com consultas de Enfermagem e atendimento médico.

 

 

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 Caminhada Comunitária e rastreios realizados no âmbito do projecto “Saber Viver”
Crédito foto: ©Mykola Chaban

 

 

Portugal é dos países europeus que menos cuida dos idosos

 

Portugal é um dos países europeus com maior abandono de idosos, menos profissionais dedicados à terceira idade e menos orçamento alocado a esta população. A conclusão é do estudo “Protecção Continuada a Idosos: Uma Revisão de Défice de Cobertura em 46 países” (“Long-term care protection for older persons: A review of coverage deficits in 46 countries”), publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), por ocasião do Dia Mundial do Idoso, a 1 de Outubro.

 

Existem apenas 0.4 trabalhadores por cada 100 idosos em Portugal, em contraposição aos 17.1 trabalhadores na Noruega. Assim, mais de 90% dos portugueses com ou mais de 65 anos não tem acesso a cuidados continuados de qualidade por falta de trabalhadores nesta área, a taxa mais elevada na Europa.

 

Apesar de ter uma das populações mais envelhecidas no mundo, Portugal continua a dedicar apenas 0,1% do PIB aos cuidados com os idosos. Em 2013 cada português contribuiu com 121 euros para os custos com os cuidados continuados, enquanto na Noruega, por exemplo, esse valor foi de 7160 euros.

 

No conjunto europeu, Portugal situa-se assim ao nível da Eslováquia e da Turquia, e a nível global, a falta de recursos financeiros coloca-o entre os países em que 75% a 100% da população se encontra excluída do acesso a cuidados, a par do Gana, Chile, Austrália e Eslováquia.

 

O estudo da OIT revela ainda que mais de metade dos idosos no mundo não tem acesso a cuidados continuados de qualidade, um número que aumenta para os 90% no caso do continente africano.

 

 

¼ da população idosa em privação material

 

Também o número de idosos em situação de privação material continua aumentar, atingindo ¼ desta população, segundo o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2014 e divulgado pelo Instituto Nacional de estatística (INE), por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a 17 de Outubro.

 

Apesar da privação material atingir com maior incidência o grupo de menores de 18 anos (27,4%), o aumento mais significativo registado em 2014 foi entre a população idosa (de 23,1% para 25,2%).

 

Igual tendência de subida regista-se no número de idosos a viver sozinhos ou isolados em todo o país. De acordo com o “Censos Sénior 2015” da Guarda Nacional Republicana (GNR), realizado em Abril deste ano, foram sinalizados 39.216 idosos em situação de risco (mais 5.253 do que em 2014), dos quais 23.996 vivem sozinhos (mais 2.680), 5.205 vivem isolados (mais 924) e 3.288 vivem sozinhos e isolados (mais 262).

 

A GNR registou ainda 6.727 idosos que vivem acompanhados mas em situação de vulnerabilidade devido a limitações físicas ou psicológicas. Até Setembro deste ano, a corporação sinalizou mais de 500 idosos a instituições locais por necessitarem de apoio social e cuidados médicos.

 

 

Futuro com efeitos económicos e na inclusão social

 

Projectos como os da Médicos do Mundo vão ser cada vez mais importantes no futuro, tendo em consideração que, em 2080, Portugal será o segundo país da União Europeia (UE) com a maior população com 80 ou mais anos. Apenas a Eslováquia terá mais idosos, segundo dados do Eurostat divulgados a 1 de Outubro.

 

Em 2080 um em cada oito europeus terá 80 ou mais anos, com destaque para a Eslováquia com 16,3% da população e Portugal com 15,8%. A estes países seguem-se Alemanha (15,1%) e Polónia (14,9%). Em posição contrária encontram-se a Irlanda (7,4%), Lituânia (8,9%) e Letónia (9,5%).

 

Actualmente, 18,5% dos cidadãos europeus tem 65 ou mais anos, percentagem que deverá ascender aos 30% em 2080, revela o gabinete de estatística da UE. O número de pessoas com 80 ou mais anos vai assim mais que duplicar, de cerca de 5% em 2014 para 12,3% em 2080.

 

Esta alteração demográfica levou o Eurostat a alertar para os seus efeitos em termos económicos e de inclusão social da população idosa. Em 2013, 18,2% dos idosos encontravam-se em situação de risco de pobreza ou exclusão social. Neste ano existiam mesmo oito países onde as pessoas com 65 ou mais anos estavam em risco de viverem dificuldades do que a população mais jovem, casos da Bulgária, estónia, Eslovénia e Croácia.

 

publicado às 15:45

Numa altura em que à Europa chegam milhares de refugiados, a Delegação Francesa da Médicos do Mundo (MdM), por ocasião do Dia Mundial da Erradicação da Pobreza (17 de Outubro), promoveu a exposição “Open the Doors”, de 15 a 18 de Outubro, em Paris, dedicada ao fenómeno da migração.

 

Durante quatro dias foram colocados 25 painéis de grandes dimensões na Praça da República, em Paris, com as fotografias de vários indivíduos, anónimos e celebridades francesas, acompanhadas dos seus testemunhos e pensamentos sobre migração. Participaram empregados e desempregados, refugiados e nacionais, jovens e idosos, entre outros.

 

A exposição, aberta ao público entre as 7h e as 22h, era visível a qualquer altura do dia e da noite, graças ao sistema de iluminação existente nos painéis.

 

A iniciativa, organizada pela MdM em apoio aos programas que a Associação promove junto dos mais vulneráveis, contou com uma enorme adesão do público e dos órgãos de comunicação social franceses. Um sucesso que em larga medida se deveu à diversidade de indíviduos que participaram e aos testemunhos emotivos que partilharam.

 

Para esta exposição, a Delegação Francesa da MdM lançou ainda, pela primeira vez, um site em 3D. Visite em http://ouvronslesportes.medecinsdumonde.org.

 

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Crédito foto: ©Valentin Fougeray

 

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Crédito foto: ©Valentin Fougeray

 

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Crédito foto: ©Valentin Fougeray

 

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 Crédito foto: ©Valentin Fougeray

 

 

publicado às 15:38

A Médicos do Mundo, através do projecto “Porto Escondido”, participou no 14º Encontro Nacional de Actualização em Infecciologia (ENAI) que decorreu entre 14 e 16 de Outubro, no Porto Palácio Congress Hotel. Organizado pelo Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar do Porto/Unidade Joaquim Urbano e Associação de Apoio às Reuniões de Infecciologia (ARRI), o encontro teve como objectivo assegurar a actualização de conhecimentos por parte de profissionais médicos e de outras áreas da saúde.

 

A Infecciologia é, actualmente, uma área em permanente transformação que obriga a uma constante actualização de conhecimentos para melhor intervenção junto dos utentes. Ainda mais considerando que o diagnóstico precoce e a adopção atempada de medidas adequadas de controlo são determinantes para a eliminação da infecção e minimização do risco de disseminação.

 

Com a presença de especialistas nacionais e internacionais, o ENAI abordou diversos temas na área da Infecciologia, com destaque para o tratamento da hepatite C crónica, sífilis e infecção por VIH e SIDA.

 

 

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 Crédito foto: ©Francisca Jesus 

 

 

Aumentar acesso ao tratamento da hepatite C crónica

 

O tratamento da hepatite C crónica encontra-se hoje bem definido nos vários genótipos e diferentes graus de fibrose. A grande novidade está no facto da terapêutica do sofosbuvir poder agora ser utilizada em doentes sem cirrose de Genótipo 3. Ainda assim, existe a necessidade de aumentar não só o número de utentes com acesso ao tratamento, como o diagnóstico precoce da doença. Quanto mais prolongado for o tratamento, maiores serão as taxas de sucesso.

 

Considerado um dos problemas de saúde pública global, o vírus da hepatite C (VHC) atinge 185 milhões de pessoas no mundo, sendo que todos os anos morrem 350 mil pessoas devido à infecção. Estima-se que a prevalência mundial ronde os 3% e na Europa se aproxime de 1%.

 

No tratamento da hepatite C os co-infectados são considerados uma das populações especiais devido sobretudo ao estilo de vida, às dependências que modificam a adesão, às terapêuticas de substituição que comprometem os novos fármacos e ao risco de interacções com as terapêuticas utilizadas para outras patologias, como é caso dos anti-retrovirais. Por isso, estes doentes devem ser avaliados cuidadosamente antes da terapêutica e ajustados ou mesmo retirados outros fármacos que reduzam a eficácia dos anti-retrovíricos de acção directa ou que aumentam o risco de toxicidade de órgãos.

 

As pessoas co-infectadas que iniciam tratamento para o VHC têm que efectuar tratamento anti-retroviral (TARV) também preferencialmente um mês antes de iniciar o tratamento para o VHC. Relativamente à co-infecção vírus da hepatite B (VHB) + VIH, as duas infecções devem ser tratadas em simultâneo. Já o tratamento para o VHB não tem qualquer interferência com outros fármacos.

 

 

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Crédito foto: ©Francisca Jesus

 

 

Sífilis, a emergência de uma velha doença

 

A sífilis ganhou novo espaço a partir dos anos 90 e é hoje um problema de saúde pública nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. No diagnóstico, a serologia continua a ser a base do estudo laboratorial da doença. Mas, apesar dos avanços nas técnicas laboratoriais, não é possível, por exemplo, diferenciar uma sífilis tratada de uma sífilis latente.

 

Assim, a técnica mais adequada é a da biologia molecular, sendo que as guidelines para os testes de diagnóstico baseiam-se nos testes treponémicos. Numa situação de resultado positivo no teste rápido da sífilis, deve ser solicitado sempre um teste de diagnóstico com título VDRL (sigla do inglês Venereal Disease Research Laboratory, referente ao teste serológico de floculação para o diagnóstico da sífilis).

 

A pesquisa de ADN do Treponema pallidum demonstrou inegável valor no diagnóstico definitivo da sífilis primária, secundária e congénita. Mantêm-se grandes limitações no diagnóstico de neurosífilis, sífilis terciária e latente. Quanto ao tratamento, a penicilina continua a ser a primeira linha na abordagem desta infecção em todos os estádios da doença. 

 

À semelhança de outros países europeus, em Portugal têm sido notificados casos de sífilis recentemente (a maioria corresponde a uma sífilis primária), com maior número no sexo masculino, no grupo etário 25-34 anos e nos homens que fazem sexo com homens. No entanto, existe a nível nacional um grave problema de sub-notificação da doença.

 

 

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Crédito foto:  ©Francisca Jesus

 

 

Infecção por VIH: aproveitar as oportunidades

 

Considerada durante muito tempo uma doença letal, com poucos ou nenhuns meios de tratamento, a infecção por VIH e SIDA é actualmente encarada como uma doença crónica e de controlo relativamente simples. No entanto, mantém-se a grande importância de continuar a investir no diagnóstico precoce, na adesão à TARV, para não criar situações de infecção VIH multirresistente, e também através do início da TARV logo após o diagnóstico positivo em todas as pessoas infectadas, independentemente dos sintomas, da contagem das células CD4 ou dos níveis de carga viral.

 

Em Portugal a notificação precoce da infecção e o início da TARV em todos os casos são factos positivos, já que o diagnóstico precoce está intrinsecamente relacionado com a possibilidade de erradicação da infecção em 2030. Os dados sobre a infecção revelam que Lisboa apresenta uma taxa de novos casos quatro vezes superior à média nacional, seguindo-se Porto e Faro. De acordo os números de 2013, 21% dos novos casos notificados ocorrem em populações migrantes mas, tal como nos utilizadores de drogas endovenosas, os casos são notificados cada vez mais cedo.

 

 

publicado às 17:20

A Médicos do Mundo (MdM) esteve presente na II Oficina do Conhecimento “Código de Conduta: Processos e Metodologias” que teve como objectivo a discussão sobre a criação de um Código de Ética e Conduta para as Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD). O evento, que decorreu a 24 de Setembro, na Fundação Calouste Gulbenkian, foi organizado pelo Grupo de Trabalho de Ética (GT Ética) da Plataforma Portuguesa das ONGD, do qual a MdM faz parte, juntamente com os Parceiros do Mecanismo de Apoio à Elaboração de Projectos de Cooperação.

 

Com moderação de Pedro Cruz, Director Executivo da Plataforma Portuguesa das ONGD, a sessão de abertura contou com as intervenções de Maria Hermínia Cabral, Directora do Programa Gulbenkian Parcerias para o Desenvolvimento, de Sérgio Guimarães, Chefe da Divisão de Apoio à Sociedade Civil do Camões I.P., e de Pedro Krupenski, Presidente da Plataforma Portuguesa das ONGD.

 

Sendo o objectivo do Mecanismo de Apoio à Elaboração de Projectos de Cooperação apoiar a crescente autonomia das ONGD portuguesas e tendo a transparência um papel fundamental nesse processo, Maria Hermínia Cabral considerou que a construção do Código de Conduta ganha especial relevância. Segundo esta, o código consolida também a afirmação das ONGD perante todo o terceiro sector. É uma forma de declarar a cidadania efectiva destas organizações. O Código permite associar aos nossos direitos um conjunto de deveres.

 

Para Sérgio Guimarães, com a nova agenda global, as questões da ética e da transparência vão estar presentes, justificando mais uma vez a necessidade de reforçar estes temas no contexto português. Segundo explicou, o Camões I.P. tem vindo a trabalhar estas questões: foi feito um processo interno para aperfeiçoar o acesso à informação, adoptaram um Código de Conduta interno, têm uma Comissão de Ética que dá apoio na implementação deste código e propõe todos os procedimentos que considera necessários para a sua implementação. No entanto, vivem também dificuldades na operacionalização deste código, devido ao facto de ser um Instituto com dois grandes eixos de actuação específica.

 

Já Pedro Krupenski destacou a importância deste código na afirmação da entidade das ONGD. Tendo em conta que um dos valores das ONGD é o de apropriação, de envolver todos na identificação dos problemas e na resolução participada dos mesmos, “este código virá afirmar a nossa identidade, deverá partir das nossas aspirações e representar os nossos valores.”

 

Mais do que conseguir definir “mínimos olímpicos”, no final da sessão da manhã, o moderador Pedro Cruz destacou a necessidade deste código de conduta “ser aplicável e possível de operacionalizar”.

 

A sessão da manhã contou ainda com a participação de Fiona Coyle, representante da Dóchas – The Irish Association of Non-Governmental Development Organisations cujo Código de Imagens e Mensagens serviu de base à criação do Código de Imagens do CONCORD. Para apoiar no processo de construção de um Código de Conduta, Fiona Coyle deu a conhecer o Irish NGOs Code of Corporate Governance e, de forma mais detalhada, o Code of Conduct on Images and Messages.

 

O código da Dóchas aborda questões importantes sobre as direcções das organizações: o que torna uma direcção competente, o que deve ou não fazer, questões sobre a gestão financeira, sobre o que deverão disponibilizar, entre outras. Qualquer organização que se queira aliar à Dóchas é obrigada a assinar este código. No entanto, não há um mecanismo de monitorização implementado, havendo sim uma confiança nas organizações-membro em como o colocam em prática e informam a Dóchas caso isso não aconteça.

 

Por seu lado o código da CONCORD baseou-se no código da Dóchas. É um código de auto-regulação, que define boas práticas na comunicação e imagens utilizadas pelas organizações. Valores como direitos humanos, justiça e dignidade devem guiar o trabalho de cada organização e a forma como se relacionam com o público.

 

 

Reflexão conjunta

 

A sessão da tarde, exclusiva às associadas da Plataforma Portuguesa das ONGD e dinamizada pelo GT Ética, contou com a participação de 12 organizações. Ao longo da reflexão, Fiona Coyle foi partilhando a sua experiência e comentando as expectativas e apreensões das associadas.

 

Quando as organizações se tornam membros da Plataforma subscrevem a Carta Europeia e o Código CONCORD. Neste âmbito, uma das questões debatidas foi se faz sentido existirem códigos europeus e códigos portugueses. A reflexão conduziu à conclusão de que a criação de um Código português poderá permitir um processo de maior apropriação dos princípios nele inscritos, o que não acontece nos códigos europeus que as organizações são obrigadas a assinar. A ideia da apropriação é central neste processo e é importante que, em Portugal, o código de imagens faça parte do código de ética geral.

 

Foi também destacada a importância da participação alargada das organizações para obter soluções de compromisso e definir como avançar com o processo. Já a questão da vinculação não se demonstrou consensual, no entanto foi sublinhada a importância deste ser um processo educativo e de construção contínua das associadas. O Código deve incluir princípios de base que sejam flexíveis porque nenhuma ONGD o vai conseguir cumprir na totalidade e desde o início. Neste ponto, é exemplo o código irlandês que não procura dar lições, sendo um guia com recomendações para que as ONG possam compreender e interiorizar.

 

 

Temas essenciais para o Código

 

No seguimento das conclusões apresentadas da I Oficina de Conhecimento, as organizações presentes foram convidadas a assinalar quais os pontos que consideravam mais importantes e que devem ser tidos em conta aquando da elaboração do Código. Financiamento/angariação de fundos e origem dos fundos, prestação de contas, resultados e actividades, e Governação e tomada de decisão foram os temas assinalados.

 

Quanto à questão do Código ser vinculativo, a maioria das organizações defendeu a vinculação com a estipulação de um período de transição. Este período dará tempo e espaço a cada organização para se preparar para a efectiva adesão e cumprimento do Código.

 

Relativamente à forma e quem deve realizar a monitorização da aplicação do Código de Conduta por parte das ONGD, defendeu-se a criação na Plataforma de um órgão de regulação e de apresentação de documentação de referência; um mecanismo de regulação que forneça informação às associadas também sobre o incumprimento das medidas definidas; a avaliação entre pares para permitir a partilha de boas práticas e aprendizagens; e a importância do garante de independência aquando da monitorização.

 

O encontro definiu ainda que, no fim da série de Oficinas do Conhecimento promovidas pelo Grupo de Trabalho, este deverá traçar um esboço de Código a apresentar às associadas.

 

publicado às 12:24

A Médicos do Mundo (MdM), através do projecto “Porto Escondido”, promoveu uma acção de sensibilização sobre Saúde Mental junto dos utentes, no âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental que se assinalou a 10 de Outubro. Ao longo da semana de 5 a 10 de Outubro a equipa da MdM abordou a temática, colocou questões e sugeriu estratégias de prevenção.

 

O conceito de Saúde Mental, as doenças, os alertas, a prevenção e o tratamento foram os temas focados pela equipa da MdM nas deslocações no terreno, tendo também distribuído flyers e realizado acções individuais. As propostas colocadas obtiveram uma boa adesão dos utentes, tendo sido bastante positivo o balanço da iniciativa.

 

À questão colocada aos utentes “O que fez hoje pela sua Saúde Mental?”, algumas das respostas foram: “Aguardei pela equipa da MdM”; “Fui passear 4 horas”; “Estive com as minhas amigas a distrair-me”; “Meditei”; “Fui tratar da minha saúde”; e “Tive a jantar com os amigos”.

 

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Utentes respondem à questão “O que fez hoje pela sua Saúde Mental?”
Crédito fotos: ©Joana Silva

 

 

“Dignidade na Saúde Mental”

 

O Dia Mundial da Saúde Mental 2015 teve como tema “Dignidade na Saúde Mental”, seleccionado pela Federação Mundial para a Saúde Mental (World Federation for Mental Health – WFMH). Este dia foi estabelecido por esta organização em 1992 como forma de aumentar o conhecimento do público, recorrendo a temas anuais e disponibilizando materiais de sensibilização.

 

Com a temática deste ano pretendeu-se sensibilizar a população para a importância da dignidade em todos os aspectos da Saúde Mental, desde os cuidados prestados até às atitudes das pessoas. Segundo o relatório “Dignidade na Saúde Mental” da WFMH, a maioria das pessoas com problemas de saúde mental e as suas famílias aponta para a existência de interacções sociais negativas, o que a organização considera “inaceitável”, apelando a acção de todos.

 

Ainda de acordo com a WFMH, um em cada quatro adultos terá problemas de saúde mental em algum período da sua vida. Actualmente, em todo o mundo, as doenças mentais afectam mais de 450 milhões de pessoas. O estigma e a descriminação continuam a ser barreiras significativas à obtenção de cuidados de saúde mental e ao acesso às actividades sociais diárias.

 

 

Prevalência elevada e cuidados escassos

 

Portugal apresenta a terceira taxa mais elevada de prevalência anual de perturbações do foro psiquiátrico com 23%, apenas abaixo dos EUA (26%) e da Irlanda (23%), de acordo com o primeiro Estudo Epidemiológico Nacional de Perturbações Mentais (2013), integrado na World Mental Health Initiative da Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta iniciativa decorreu em mais de 30 países dos cinco continentes e teve a chancela da Universidade de Harvard.

 

Segundo o documento “A Saúde dos Portugueses. Perspectiva 2015” da Direção-Geral de Saúde, o estudo aponta para o facto de Portugal ser o país com o valor mais expressivo de perturbações de ansiedade (17%). Apesar das perturbações depressivas se situarem nos 7,9%, é neste campo, no entanto, que se evidenciam as situações de maior gravidade, com um “preocupante intervalo entre o aparecimento dos sintomas e o início de tratamento médico – média geral de cinco anos, sendo de quatro anos nas perturbações depressivas major.

 

Tal como refere o relatório “Portugal – Saúde Mental em Números - 2014” do Programa Nacional para a Saúde Mental, que remete também para dados de 2013, “os grupos das faixas etárias mais avançadas apresentam menos probabilidades de sofrerem de perturbações depressivas, de ansiedade e por utilização de substâncias”.

 

De acordo com os registos nos Cuidados de Saúde Primários (CSP), a maior proporção de doentes com demência e perturbações de ansiedade encontra-se na Região do Alentejo e a de doentes com perturbações depressivas na Região Centro. As proporções mais reduzidas das três perturbações psiquiátricas registam-se no Algarve.

 

Por outro lado, é ainda de salientar as assimetrias existentes no acesso a cuidados de Psiquiatria a nível nacional, segundo regista o estudo “Acesso e Qualidade nos Cuidados de Saúde Mental”, realizado pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e tornado público no final de Setembro.

 

De acordo com o documento, a maior escassez de acesso regista-se ao nível da Psiquiatria da Infância e da Adolescência e nas Regiões do Alentejo e Algarve. Em termos gerais, a maioria da população portuguesa reside em regiões com acesso considerado reduzido ou a mais de 40 minutos do local dos cuidados públicos de Psiquiatria e apenas 1,5% da população tem acesso elevado. No entanto esta percentagem desce aos 0,3% no caso da Psiquiatria da Infância e da Adolescência.

 

publicado às 15:41

A Médicos do Mundo agradece a todos os que já contribuíram para o “Porto Escondido”, projecto de detecção precoce e prevenção do VIH/SIDA e de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). A campanha de angariação de fundos continua a decorrer. Participe através do site www.portoescondidomdm.pt/ndoadores.

 

A Médicos do Mundo necessita da ajuda de todos para continuar a contribuir para a diminuição da transmissão do VIH junto das populações vulneráveis em risco de exclusão social na região do Grande Porto.

 

A campanha “Com a sua ajuda este Porto deixa de estar Escondido” pretende angariar os fundos necessários à promoção de acções de educação, acesso a meios de prevenção e de diagnóstico, para além da adequada referenciação e apoio social.

 

O seu contributo pode fazer a diferença. "Juntos, chegamos a um bom porto".

 

Saiba mais aqui sobre esta campanha.

 

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publicado às 14:16

No âmbito do Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos, que se celebra no próximo dia 18 de Outubro, a Médicos do Mundo associa-se à campanha “Norte em Rede Contra o Tráfico de Seres Humanos”, promovida pela Rede Norte de Apoio e Proteção a Vítimas de Tráfico, com o objectivo de alertar e sensibilizar para esta realidade.

 

A campanha desafia todos a utilizarem uma imagem simbólica de uma matrícula para assinalar a necessidade de alerta e denúncia deste crime. Pela defesa dos direitos humanos fundamentais e contra todo o tipo de violência associado ao fenómeno do Tráfico de Seres Humanos, pretende-se que, nos vários distritos e localidades do Norte do país, a imagem circule nos veículos, seja visível no máximo de locais possível e partilhada através das redes sociais.

 

Portugal é actualmente país de destino para a exploração de mulheres, homens e crianças vítimas deste crime mas também de trânsito e de origem. Assim, não agir no sentido da informação dos portugueses para o combate e prevenção desta realidade não é uma opção.

 

A Rede Regional do Norte de Apoio e Proteção a Vítimas de Tráfico de Seres Humanos é um conjunto de organizações governamentais e não-governamentais que se constituem parceiras desde Dezembro de 2003, com o objectivo de alertar e sensibilizar para a realidade do Tráfico de Pessoas.

 

O Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos foi lançado pela Comissão Europeia em Outubro de 2007 e pretende promover a sensibilização do público em geral e dos governos europeus em particular, para a grave violação dos direitos humanos que constitui o crime de tráfico de seres humanos.

 

Clique aqui e saiba mais sobre esta campanha na página Facebook da Rede Norte de Apoio e Proteção a Vítimas de Tráfico.

 

Participe na iniciativa, colocando a imagem abaixo no seu veículo ou partilhando-a com os seus contactos através das redes sociais.

 

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publicado às 13:02

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