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A Médicos do Mundo (MdM), através do projecto “Porto Escondido”, promoveu uma acção de sensibilização sobre Saúde Mental junto dos utentes, no âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental que se assinalou a 10 de Outubro. Ao longo da semana de 5 a 10 de Outubro a equipa da MdM abordou a temática, colocou questões e sugeriu estratégias de prevenção.
O conceito de Saúde Mental, as doenças, os alertas, a prevenção e o tratamento foram os temas focados pela equipa da MdM nas deslocações no terreno, tendo também distribuído flyers e realizado acções individuais. As propostas colocadas obtiveram uma boa adesão dos utentes, tendo sido bastante positivo o balanço da iniciativa.
À questão colocada aos utentes “O que fez hoje pela sua Saúde Mental?”, algumas das respostas foram: “Aguardei pela equipa da MdM”; “Fui passear 4 horas”; “Estive com as minhas amigas a distrair-me”; “Meditei”; “Fui tratar da minha saúde”; e “Tive a jantar com os amigos”.
Utentes respondem à questão “O que fez hoje pela sua Saúde Mental?”
Crédito fotos: ©Joana Silva
“Dignidade na Saúde Mental”
O Dia Mundial da Saúde Mental 2015 teve como tema “Dignidade na Saúde Mental”, seleccionado pela Federação Mundial para a Saúde Mental (World Federation for Mental Health – WFMH). Este dia foi estabelecido por esta organização em 1992 como forma de aumentar o conhecimento do público, recorrendo a temas anuais e disponibilizando materiais de sensibilização.
Com a temática deste ano pretendeu-se sensibilizar a população para a importância da dignidade em todos os aspectos da Saúde Mental, desde os cuidados prestados até às atitudes das pessoas. Segundo o relatório “Dignidade na Saúde Mental” da WFMH, a maioria das pessoas com problemas de saúde mental e as suas famílias aponta para a existência de interacções sociais negativas, o que a organização considera “inaceitável”, apelando a acção de todos.
Ainda de acordo com a WFMH, um em cada quatro adultos terá problemas de saúde mental em algum período da sua vida. Actualmente, em todo o mundo, as doenças mentais afectam mais de 450 milhões de pessoas. O estigma e a descriminação continuam a ser barreiras significativas à obtenção de cuidados de saúde mental e ao acesso às actividades sociais diárias.
Prevalência elevada e cuidados escassos
Portugal apresenta a terceira taxa mais elevada de prevalência anual de perturbações do foro psiquiátrico com 23%, apenas abaixo dos EUA (26%) e da Irlanda (23%), de acordo com o primeiro Estudo Epidemiológico Nacional de Perturbações Mentais (2013), integrado na World Mental Health Initiative da Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta iniciativa decorreu em mais de 30 países dos cinco continentes e teve a chancela da Universidade de Harvard.
Segundo o documento “A Saúde dos Portugueses. Perspectiva 2015” da Direção-Geral de Saúde, o estudo aponta para o facto de Portugal ser o país com o valor mais expressivo de perturbações de ansiedade (17%). Apesar das perturbações depressivas se situarem nos 7,9%, é neste campo, no entanto, que se evidenciam as situações de maior gravidade, com um “preocupante intervalo entre o aparecimento dos sintomas e o início de tratamento médico – média geral de cinco anos, sendo de quatro anos nas perturbações depressivas major.
Tal como refere o relatório “Portugal – Saúde Mental em Números - 2014” do Programa Nacional para a Saúde Mental, que remete também para dados de 2013, “os grupos das faixas etárias mais avançadas apresentam menos probabilidades de sofrerem de perturbações depressivas, de ansiedade e por utilização de substâncias”.
De acordo com os registos nos Cuidados de Saúde Primários (CSP), a maior proporção de doentes com demência e perturbações de ansiedade encontra-se na Região do Alentejo e a de doentes com perturbações depressivas na Região Centro. As proporções mais reduzidas das três perturbações psiquiátricas registam-se no Algarve.
Por outro lado, é ainda de salientar as assimetrias existentes no acesso a cuidados de Psiquiatria a nível nacional, segundo regista o estudo “Acesso e Qualidade nos Cuidados de Saúde Mental”, realizado pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e tornado público no final de Setembro.
De acordo com o documento, a maior escassez de acesso regista-se ao nível da Psiquiatria da Infância e da Adolescência e nas Regiões do Alentejo e Algarve. Em termos gerais, a maioria da população portuguesa reside em regiões com acesso considerado reduzido ou a mais de 40 minutos do local dos cuidados públicos de Psiquiatria e apenas 1,5% da população tem acesso elevado. No entanto esta percentagem desce aos 0,3% no caso da Psiquiatria da Infância e da Adolescência.
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