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A Rede Internacional da Médicos do Mundo (MdM) lançou um apelo aos 28 países da União Europeia para que tomem medidas e encontrem uma solução com vista a salvar a vida dos milhares de pessoas que fogem da crise no Médio Oriente, colocando fim às tragédias constantes, tal como aquela que recentemente teve lugar no Mediterrâneo.
O mais recente acidente no mar Mediterrâneo com imigrantes é uma tragédia demasiado grande. 700 imigrantes perderam a vida no último sábado depois de terem morrido 400 no sábado anterior. Quantas pessoas terão de perder a vida antes das autoridades europeias tomarem as medidas necessárias? O Mare Nostrum, berço das civilizações, não deve tornar-se um cemitério à beira mar.
Existem muitas razões pelas quais as pessoas fogem do seu país, da sua comunidade e da sua vida passada: pobreza, fome, discriminação, violência, guerra e esperança de encontrar liberdade e um futuro melhor para os seus filhos. Por trás de cada uma destas vítimas, homens, mulheres e crianças, existem situações difíceis, tragédias e a vontade de reconstruir um destino.
Não podemos esquecer que os imigrantes não abandonam o seu país por gosto. Fazem-no para salvar a própria vida, para fugir da pobreza, para encontrar oportunidades que não estão disponíveis no seu país e para conseguir um futuro melhor para os seus filhos. Fazem-no na esperança de conseguir uma vida melhor e talvez um dia regressar orgulhosos do seu sucesso.
Segundo Thierry Brigaud, Presidente da Delegação Francesa da MdM, “actualmente, devido à escalada dos conflitos pelo mundo, um número crescente de pessoas fogem da sua pátria sem expectativas de regressar. Estes refugiados fogem da violência e de outras circunstâncias extremas. Porque não recebê-los bem em vez de lhes pedirem para arriscar a vida? É difícil não nos sentirmos ultrajados pelo facto da Europa não conseguir organizar um salvamento no Mar Mediterrâneo digno desse nome. Os líderes europeus fingem não ter poder, o que constitui uma falha grave. As ONG’s humanitárias não têm a solução nas suas mãos. Mas se os líderes Europeus continuarem a adiar a solução para o problema, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) deve intervir e liderar as operações de salvamento. As Nações Unidas têm a responsabilidade de proteger os civis nestas zonas de guerra. É imperativo que lhes seja dada mais protecção, mais solidariedade e mais fraternidade.”
A imigração é um direito humano. Vamos mudar o paradigma. Não podemos olhar para a situação como um ataque. Temos que olhar para o problema como ele é na realidade ou seja, uma oportunidade.
Há muito que a Médicos do Mundo assumiu um compromisso com as populações imigrantes e defende os direitos destas. A MdM acompanha os imigrantes desde as suas pátrias, desde o Afeganistão, Síria, África Subsaariana, entre outros países, e ao longo dos seus percursos, através da Turquia, Argélia e Sahel. Ao longo deste caminho, a MdM presta os cuidados médicos necessários e testemunha as consequências negativas para a saúde das políticas de imigração implementadas pelos 28 países Europeus.
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